Ansiedade infantil: saiba lidar e quando buscar ajuda

ansiedade infantil
Crianças também podem sofrer com episódios ansiosos. Por isso, é importante entender o que é a ansiedade infantil e quando é preciso tratá-la

Atualmente, o mundo é repleto de estímulos e o ritmo de vida é acelerado. Em geral, os adultos sabem bem como é alta a exigência das atividades – trabalho, estudos, cuidados com a casa. Toda essa agitação pode causar transtornos de ansiedade, fazendo com que sintomas surjam e afetem a rotina. Mas engana-se quem acha que esse quadro afeta apenas adultos. A ansiedade infantil e de adolescentes também precisa de atenção.

Essa realidade já era cada vez mais comum antes da pandemia de Covid19. Porém, estudos apontam que, durante 2020 e 2021, a cada quatro crianças ou adolescentes, pelo menos um apresentou sinais ansiosos.

Apesar de serem crescentes os sintomas na infância, é preciso ressaltar que a ansiedade é uma resposta natural do corpo. Por isso, nem sempre é um sinal de que há algo errado.

Mas quando as crianças começam a apresentar constantemente sintomas ansiosos, afetando suas atividades e bem-estar, a família precisa buscar orientação profissional.

Ansiedade infantil é normal?

É bem comum a ansiedade ser, imediatamente, associada a uma condição ruim e não saudável, porém, em um certo nível, ela é necessária e natural. Assim, situações do meio externo podem favorecer que a ansiedade apareça, o que não indica, necessariamente, que há algo errado.

O mesmo ocorre com as crianças. Por exemplo, é normal que elas fiquem mais agitadas com uma viagem ou passeio marcados, com o começo das aulas ou alguma outra atividade nova.

Porém, essas novidades podem desencadear sintomas que vão além da agitação e animação intensas, como perda de sono e apetite e até mudanças de humor. Ainda assim, não trate uma situação comum e pontual como algo patológico.

O grande problema é quando esses sintomas ocorrem com frequência e intensidade elevadas. Afinal, isso faz a criança ficar constantemente irritada, sem comer direito ou tendo variações bruscas de humor.

Nesse caso, a ansiedade infantil precisa de uma avaliação profissional, que vai indicar se os quadros são situações estressantes devido ao contexto (por exemplo, maior ansiedade em épocas de avaliação escolar) ou um transtorno de ansiedade, condição que precisa de atenção.

Mesmo se não houver um transtorno, a família precisa lidar de forma adequada com as emoções e sintomas dos pequenos. Não se deve minimizar o sofrimento, mas, sim, ajudar a enfrentar os desafios.

O que causa a ansiedade e quais as consequências para o desenvolvimento da criança?

O contexto está bastante relacionado às ocorrências de episódios de ansiedade. Mudanças de escola ou início das aulas, situações novas (como mudanças de casa, passeios escolares) ou mesmo o desempenho escolar podem ser motivos desencadeantes.

Em algumas situações, até mesmo algum medo que os pequenos têm, como de insetos ou de escuro, podem ser os motivos. Em geral, esses quadros são comuns. Porém, eles são superados sem grandes dificuldades.

Porém, se os sintomas persistem exageradamente e causam sofrimento à criança, afetando a ida à escola, impedindo que faça amizades ou se sinta confortável nos ambientes, a ansiedade pode levar a prejuízos sociais e escolares.

Além desses impactos mais imediatos, caso haja uma predisposição ao transtorno de ansiedade generalizada ou outro quadro psicológico, é possível que o sofrimento evolua para um quadro patológico. Nesse caso, as consequências são diversas e podem persistir futuramente, na adolescência ou na vida adulta.

Assim, a criança deixa de vivenciar a infância de modo pleno, aprendendo e explorando o mundo. Como consequência, perde vivências significativas, limita suas capacidades afetivas, sociais e escolares.

Quais as classificações da ansiedade infantil?

Há alguns tipos de ansiedade infantil, que vai além daquela natural. Cada uma apresenta determinados sintomas e pode ser decorrente de situações ou vivências específicas. Entre os tipos mais comuns estão:

  • Transtorno de ansiedade de separação: em situações que a criança precisa se distanciar de casa ou da família, por exemplo, os sintomas se manifestam, desencadeados pelo medo que elas têm por acreditar que não vão mais reencontrar as pessoas ou retornar ao local em que se sentem seguras. É um dos mais comuns na infância.
  • Transtorno de ansiedade generalizada: envolve preocupação e ansiedade intensas, que podem ser desencadeadas por situações diversas (mas geralmente comuns, como ir à aula ou conversar com amigos).
  • Fobia específica: a criança apresenta um medo intenso bastante específico, como um animal, objeto ou situação, o que a faz evitar determinados locais ou contextos que possam expô-la ao seu medo.
  • Transtorno de estresse pós-traumático em crianças: o quadro é decorrente de algum evento traumático vivenciado pela criança, que marca e faz com que ela reviva aquela situação mesmo após um tempo do ocorrido.
  • Fobia social: caracteriza-se por um medo acentuado e persistente diante de situações sociais em que tenham que interagir ou realizar alguma tarefa, afetando a rotina dos pequenos.

Como os sintomas da ansiedade se manifestam em crianças?

Nas crianças, os sintomas de ansiedade podem se manifestar de diversas formas, assim como nos adultos.

Algumas podem apresentar quadros sintomáticos mais emocionais ou psicológicos, como sensação de medo, angústia, agitação e insegurança; também podem surgir sintomas físicos, como coração acelerado, suor frio, dores musculares ou de cabeça – e não há regra, os sintomas emocionais e físicos podem surgir separados ou simultaneamente.

O tipo de sintoma também pode ser mais específico se o quadro for um transtorno, como o medo de se afastar da mãe (na ansiedade de separação) ou o medo de ir à escola (como na fobia social).

Mas caso não haja um transtorno diagnosticado, de forma geral, a ansiedade infantil não difere muito daquela que ocorre nos adultos. Porém, o grande ponto é que, nos pequenos, nem sempre é fácil identificá-la.

Isso ocorre porque eles podem ter dificuldades para expressar o que sentem, lidando com esse quadro de maneiras que, às vezes, são confundidas com comportamentos de preguiça, birra ou má educação – como não querer ir à aula ou não querer comer.

Diante disso, o olhar cuidadoso da família e da escola são fundamentais. Junto a um acompanhamento pediátrico adequado, é possível avaliar a necessidade de buscar atendimento psicológico infantil ou outros tratamentos.

Quando buscar tratamento?

A ansiedade infantil é um quadro que precisa de um olhar atento da família e da escola. Em conjunto, é possível identificar se os eventos ansiosos estão afetando a rotina, as atividades e causando sofrimento à criança.

Vale relembrar que ter momentos de ansiedade é comum e faz parte da vida – de adultos e de crianças. Porém, esses episódios não podem causar impactos negativos às atividades do dia a dia, impedir que os pequenos façam determinadas atividades ou experiências normais para a idade, ocorrendo com frequência e intensidade exageradas.

Caso seja dessa forma, a família precisa lidar adequadamente com a situação – junto ao apoio profissional – auxiliando a criança no enfrentamento dos episódios. Isso significa manter a paciência, não minimizar seus sentimentos e receios, bem como demonstrar empatia.

Também é importante ouvi-los e notar se diante de situações ansiosas, eles manifestam sintomas físicos ou emocionais que soam fora do adequado (como um grande medo ou “aperto no peito”). Em todos os casos, sempre é necessário conversar com um psicopedagogo, com o pediatra que acompanha a criança e com profissionais de psicologia infantil.

O diagnóstico de uma ansiedade transtornada somente pode ser dado por profissionais, diante uma avaliação aprofundada e especializada. E, caso seja constatado algum distúrbio na frequência dessas manifestações, é também o psicólogo infantil que dará orientações quanto ao tratamento.

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A ansiedade infantil ocorre em diversas situações sem que isso signifique um problema. Porém, quando ocorre com muita intensidade e/ou frequência, o quadro merece atenção e precisa de acompanhamento especializado.

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